Há alguns anos ministrando media training para executivos e profissionais liberais, com certa frequência vejo alguns deles resistentes ao treinamento, alegando já terem experiência em dar entrevistas, e também com frequência são eles que acabam dando os melhores feedbacks pós “evento”.
Acontece que a maioria das pessoas que costuma dar entrevistas, para não dizer todas, acredita que a atividade se resume a falar bem sobre algo que domina. Concentram-se na voz, postura, vestuário, discorrem sobre suas experiências e está tudo ok, mas não é bem assim.
Entender a dinâmica das diferentes mídias e seus perfis de públicos, e que equivale saber para qual tipo de veículo pode e deve dedicar tempo e a linguagem a utilizar; entender o contexto das solicitações da imprensa para dar respostas didáticas, porém objetivas que atendam aos objetivos da reportagem parece simples, mas não é. Muitos entrevistados julgam saber disso, mas de fato não sabem. E a prova disso é que atendem a todas as solicitações com o mesmo roteiro, da mesma forma e, geralmente, se frustram com os resultados da sua exposição.
Além de nem sempre atender aos requisitos da reportagem da forma ideal, raras são as fontes que conduzem a entrevista para o que de fato lhes interessa, e que não é “aparecer bem na fita”, mas gerar retorno de negócios, trabalhos, vendas, seja lá o que elas produzam e explanem sobre.
A prova disso é o entrevistado que apareceu na mídia receber inúmeros comentários de ter sido visto aqui e acolá por amigos, parentes, vizinhos, mas não receber nenhum contato de trabalho direto. E a pergunta é? Mas na entrevista ele falou diretamente sobre o que faz, como pode agregar com o seu trabalho, como ele se destaca dos demais? E se falou, de que forma, com que discurso, em quanto tempo, no meio de quantas outras questões e abordagens e para uma reportagem que destinaria quanto espaço para o seu relato, depois de editado?
Considerando que a imprensa tem o seu próprio interesse de mensagens, que devem ser estrategicamente inseridas e contextualizadas de acordo com o tempo da sua programação e que esta está sujeita a diversas variáveis e factuais que derrubam cronogramas, pautas, fontes, tempo, entre outros, e que o entrevistado não tem controle sobre essa dinâmica, conclui-se o quão pouco efetivo pode ser a exposição final para o entrevistado.
E é aí que o media training faz toda a diferença mesmo para os mais letrados e eloquentes interlocutores. Como eu costumo dizer, entrevista não é exercício de intelectualidade para pares aplaudirem, e também não é querer dirigir o jornalista de acordo com seus conhecimentos, é prestação de serviço com objetivos claros para ambas as partes. É tempo e energia que devem ser estrategicamente direcionados para o melhor atendimento de todos os envolvidos e não apenas de um lado. E isso tudo pode ser conquistado com uma explanação clara de todos os cenários da imprensa e exercícios práticos que identifiquem as oportunidades de inserção de mensagens-chave no contexto das entrevistas atendidas. E é por isso que com frequência quem passa por um media training acaba descobrindo o quanto perdeu e o quanto poderá ganhar a partir de um conhecimento mais amplo da arte de dar entrevistas.
Fiquei Apaixonada pelo seu post, Vou acompanhar seu Blog que é Top. Esse tipo de conteudo tem me agregado muito conhecimento. Grata!