Como equilibrar participação e direção na liderança democrática

Como Equilibrar Participação e Direção Na Liderança Democrática

Acredito que, na atualidade, não caiba mais discutir sobre a necessidade da participação democrática dentro do exercício da liderança, sob a qual a comunicação estratégica é o fio condutor entre todas as partes envolvidas.

No entanto, é inegável que em um espaço onde todos têm voz, o desafio está em garantir que decisões sejam tomadas de forma assertiva, sem dispersão ou perda de foco. Ou seja, garantir que a autoridade cumpra seu papel decisório, mantendo o grupo coeso em seus propósitos.

À medida em que a necessidade da liderança é incentivar a expressão das ideias, há também a necessidade da estruturação de um ambiente que propicie uma participação produtiva, com escuta ativa para a devida interpretação, conexão e devolutiva qualificada de todos. Na teoria parece fácil, mas sabemos que não se trata de uma condução exatamente racional ao considerarmos a pluralidade de pensamentos e comportamentos em meio a bagagens de liderados construídas para além da cultura organizacional.

Como gosto de compor analogias, aqui eu sinalizaria a liderança como a condução de uma orquestra em que cada músico tem um papel único e essencial, mas é o maestro quem deve estabelecer o ritmo e a harmonia. Nessa composição, o líder democrático deve permitir que as vozes individuais ressoem, ao mesmo tempo que define a direção e os critérios para que as decisões sigam uma lógica em linha com objetivos da empresa.

Mas, e na prática, como fazer com que a liderança seja exercida com integração de vozes e harmonia de evoluções? Existem metodologias de gestão comunicacional que podem fazer a diferença, as quais eu destaco quatro:

Reuniões estruturadas e intencionais – Inserção de técnicas como o “round de contribuições”, em que cada participante tem um tempo delimitado para expor sua visão e garanta a participação equilibrada de todos.

Feedback orientador e contextualizado – Sempre que possível, estruturar as devolutivas em três níveis: o que foi considerado, o que precisa de ajustes e qual o impacto da decisão final.

Tomada de decisão transparente – O grupo precisa compreender os critérios que fundamentam as escolhas para evitar frustrações e fortalecer o compromisso coletivo. Métodos como “matriz de decisão” ou “escolha por consenso direcionado” ajudam a filtrar ideias sem comprometer a legitimidade da liderança.

Exercício de síntese e alinhamento – Ao final de qualquer discussão, se faz importante resumir os principais pontos e definir um caminho resolutivo. Isso evita que a multiplicidade de ideias gere paralisia decisória e assegura que a equipe entenda as próximas etapas.

Em conclusão, que está longe de se fechar em uma fórmula restrita, a liderança democrática é uma prática constante de abertura de caminhos e ajustes de rotas, em que a comunicação estratégica, essa disciplina que eu absolutamente entendo como alicerce estrutural de tudo e de todos, assegura que a despeito de opiniões contrárias, os processos decisórios mantenham o senso de pertencimento, confiança e respeito.

Erika Baruco.

A comunicação como espelho da liderança ética

A comunicação como espelho da liderança ética

Se tem algo que sempre defendo, é que liderança não se resume ao que ela comunica, mas às decisões que ela toma frente ao que comunica. Mas é inegável que a forma como ela comunica impacta nos resultados das decisões que comunica.

E quando falamos de forma, não podemos separar um elemento de extrema importância e que se revela em cada escolha de palavra, cada silêncio e cada gesto público ou privado de quem está no comando: a ética.

Isso significa que é na prática da liderança, especialmente no lidar com as oposições que ela encontra pelo caminho, que é posto à mesa a coerência sobre seus discursos de virtuosidade e humanidade.

Líderes que comunicam com respeito e responsabilidade não apenas preservam suas reputações, mas ajudam a estabilizar ambientes tensionados e a proteger as instituições que representam.

Nunca é demais lembrar que o impacto dessas práticas se dá em diferentes esferas, pois um líder que fala não está apenas verbalizando ideias, ele está moldando cultura, determinando limites e influenciando o comportamento de todos ao redor. Se ataca, ensina a atacar, se escuta, autoriza a escuta, se cala diante da injustiça, compactua com ela.

E aqui eu abro um parêntese para trazer um dado importante sobre um sentimento comum que tem se apresentado em relação às lideranças na atualidade. Segundo o relatório Edelman Trust Barometer, publicado em janeiro deste ano, 7 em cada 10 pessoas acreditam que líderes políticos, empresariais, e até jornalistas, tendem a enganar o público, sejam expondo informações que sabem ser falsas ou exagerando em suas apresentações.

Esses dados revelam a percepção mais clara de uma parcela da população em relação ao que pode estar beirando à superfície de lideranças públicas, em um cenário em que certamente se diferencia quem se mostra com integridade e verdade. Líderes que conseguem se manter firmes em suas posições sem recorrer à destruição do outro. Líderes que sabem promover um bom debate, mesmo em campos opostos. Líderes que sustentam argumentações maduras, não agressões travestidas de retórica.

Um belo exemplo de liderança que não canso de citar sempre que tenho a oportunidade, é o da Jacinda Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, que se destacou mundialmente pela maneira como comunicava as suas pautas. Ao enfrentar oposições, crises de segurança e decisões polêmicas, ela manteve um padrão comunicacional ético, direto e humano. Ganhou credibilidade não pela unanimidade, mas pela integridade, até mesmo quando anunciou a sua renúncia ao cargo.

No cotidiano de lideranças corporativas, institucionais ou públicas, o mesmo princípio se aplica, revelando que quem se comunica com ética, lidera com autoridade.

Definitivamente, não basta mais ser tecnicamente competente, pois a solidez da liderança é julgada pela maneira como ela se apresenta, especialmente nos momentos em que ela é confrontada, e por sua habilidade de pacificar no lugar de guerrilhar, de curar no lugar de ferir, e de proteger o que e quem ela deve representar.

Erika Baruco.

Comunicação como fator de liderança – #Barucast com Milton Jung

Qual o impacto da comunicação nos processos de liderança e onde ela se aplica, além de cargos corporativos? Quais são as competências necessárias e qual a importância da reputação neste contexto? Quais são as implicações da comunicação que podem interferir na ascensão de mulheres em postos de liderança? Redes sociais, oportunidades ou perigos? As respostas para estas e outras perguntas você poderá conferir na conversa que tivemos com o jornalista neste episódio do nosso Barucast.

Com mais de 35 anos de atividades em diversos segmentos da imprensa, Milton vem traçando um caminho paralelo como escritor, se aprofundando no estudo e na divulgação do potencial da comunicação para o protagonismo profissional, e tem muito a agregar sobre o tema.

Confira!