A comunicação como espelho da liderança ética

Se tem algo que sempre defendo, é que liderança não se resume ao que ela comunica, mas às decisões que ela toma frente ao que comunica. Mas é inegável que a forma como ela comunica impacta nos resultados das decisões que comunica.

E quando falamos de forma, não podemos separar um elemento de extrema importância e que se revela em cada escolha de palavra, cada silêncio e cada gesto público ou privado de quem está no comando: a ética.

Isso significa que é na prática da liderança, especialmente no lidar com as oposições que ela encontra pelo caminho, que é posto à mesa a coerência sobre seus discursos de virtuosidade e humanidade.

Líderes que comunicam com respeito e responsabilidade não apenas preservam suas reputações, mas ajudam a estabilizar ambientes tensionados e a proteger as instituições que representam.

Nunca é demais lembrar que o impacto dessas práticas se dá em diferentes esferas, pois um líder que fala não está apenas verbalizando ideias, ele está moldando cultura, determinando limites e influenciando o comportamento de todos ao redor. Se ataca, ensina a atacar, se escuta, autoriza a escuta, se cala diante da injustiça, compactua com ela.

E aqui eu abro um parêntese para trazer um dado importante sobre um sentimento comum que tem se apresentado em relação às lideranças na atualidade. Segundo o relatório Edelman Trust Barometer, publicado em janeiro deste ano, 7 em cada 10 pessoas acreditam que líderes políticos, empresariais, e até jornalistas, tendem a enganar o público, sejam expondo informações que sabem ser falsas ou exagerando em suas apresentações.

Esses dados revelam a percepção mais clara de uma parcela da população em relação ao que pode estar beirando à superfície de lideranças públicas, em um cenário em que certamente se diferencia quem se mostra com integridade e verdade. Líderes que conseguem se manter firmes em suas posições sem recorrer à destruição do outro. Líderes que sabem promover um bom debate, mesmo em campos opostos. Líderes que sustentam argumentações maduras, não agressões travestidas de retórica.

Um belo exemplo de liderança que não canso de citar sempre que tenho a oportunidade, é o da Jacinda Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, que se destacou mundialmente pela maneira como comunicava as suas pautas. Ao enfrentar oposições, crises de segurança e decisões polêmicas, ela manteve um padrão comunicacional ético, direto e humano. Ganhou credibilidade não pela unanimidade, mas pela integridade, até mesmo quando anunciou a sua renúncia ao cargo.

No cotidiano de lideranças corporativas, institucionais ou públicas, o mesmo princípio se aplica, revelando que quem se comunica com ética, lidera com autoridade.

Definitivamente, não basta mais ser tecnicamente competente, pois a solidez da liderança é julgada pela maneira como ela se apresenta, especialmente nos momentos em que ela é confrontada, e por sua habilidade de pacificar no lugar de guerrilhar, de curar no lugar de ferir, e de proteger o que e quem ela deve representar.

Erika Baruco.

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