Diante do universo tão diverso da internet, o papel das agências de comunicação, de publicidade, PR e todas as demais para divulgar produtos e serviços, tem se tornado cada vez mais desafiador. Se uma campanha contemplar a massa, pode ser condenada por não considerar necessidades de gêneros, classes, raças e afins. Por outro lado, se os contemplar em suas especificidades, pode também ser acusada de estereotipá-los.
O que não só as agências, mas as empresas precisam ter atenção é que ainda que a internet se configure de bons representantes com conhecimento de causa para argumentos sólidos sobre o que entendem de fato: porque vivem, estudam, trabalham e militam por causas, ela é ainda mais povoada de pessoas cheias de opiniões, e apenas isso. Ambos os públicos são de extrema importância e merecem os mesmos cuidados no desenvolvimento de qualquer campanha, mas terá mais chances de sucesso quem focar suas estratégias no primeiro público que, claro, diante de uma mensagem assertiva se tornará o embaixador e influenciador do segundo grupo, facilitando o entendimento, a adesão e a viralização positiva. Mas veja bem, se a mensagem não for assertiva, os danos serão de grande proporção.
Para não cair nos estereótipos algumas regras são importantes. Primeiro, fazer pesquisa de mercado sobre os públicos-alvo para o produto/serviço e como ele se comporta diante do referido em diferentes situações e apresentações. Segundo, vivenciar a experiência dos públicos e suas especificidades – de verdade.
Embora a segmentação de um produto possa ser o pulo do gato para o atingimento de um novo público, a forma de fazê-lo pode limitar e até reduzir uma aceitação maior não só por este público, mas por outros que poderiam ser alcançados.
O exemplo mais recente que tivemos a este respeito foi o do lançamento de um tipo de cerveja “especial” da marca Proibida para o público feminino. Vejamos que antes mesmo da comunicação, temos a criação de um produto focado em um segmento. Até aí, nenhum problema. O problema em questão foi na estratégia de comunicação deste produto, que acabou justamente estereotipando todo um gênero.
É verdade que muitas mulheres preferem bebidas mais leves, mais adocicadas, mas este gosto não contempla todas as mulheres e justamente as que não se encaixaram neste padrão “buzzzz…inaram”, ainda que elas mesmas não tenham considerado algumas “colegas” que se sentiram privilegiadas com uma cerveja leve, de cor e de rótulo “frufru” só para elas. O x da questão para as críticas foi justamente a rotulagem do produto para a mulher.
A empresa já tem em seu portfólio um tipo classificado como “leve” e que, portanto, já atende o público feminino, bem como o masculino que prefere uma cerveja mais fraca. Então, deduzimos que o objetivo com a versão “Proibida Puro Malte Rosa Vermelha Mulher” era mesmo o segmento feminino, devendo ter em mente que tal rotulagem excluiria o apelo de consumo para os homens, tanto quanto para as mulheres que ao invés de se sentirem especiais, se sentiram subjugadas.
Considerando o exemplo da Proibida, devemos ter em mente que a comunicação na era da internet deve literalmente assumir e desenhar seus objetivos de atingimento em suas criações, mas, especialmente, estar preparada para gerir de forma rápida e certeira uma possível crise com a única resposta capaz de suplantar qualquer opinião: um sólido argumento.